Publicado em: 02/12/2024
Assunto que é frequente em meus atendimentos oftalmológicos na área infantil, e que me preocupa muito, é o uso de telas entre as crianças. A era digital trouxe muitos benefícios, até se tornou parte integrante da nossa rotina, mas também trouxe desafios para a saúde ocular. Entre trabalho, entretenimento e comunicação, passam-se horas em frente de computadores, smartphones e tablets. Deixo aqui o meu apelo aos pais e cuidadores: MONITOREM a quantidade de tempo em que seus filhos permanecem em frente às telas! Embora elas façam parte do nosso dia a dia, muitos desconhecem os danos que podem causar à visão.
A exposição prolongada está diretamente ligada a condições como fadiga ocular digital, olho seco, fotofobia (sensibilidade à luz) e outras. O uso prolongado de telas exige que os olhos se concentrem em imagens e textos por um tempo específico, o que pode levar ao cansaço visual, dores de cabeça, sensação de areia nos olhos, dificuldade de concentração, irritabilidade e até estrabismo. Sem contar que, ao manter os olhos fixados na tela, involuntariamente diminui-se a quantidade de piscadas, em que o normal seria entre 15-20 piscadas por minuto, caindo para apenas 5-7 piscadas. Isso leva ao ressecamento ocular, causando ardência, vermelhidão e coceira. O piscar não apenas lubrifica a superfície ocular, mas também remove impurezas e distribui nutrientes essenciais para a saúde dos olhos.
Embora tais sintomas,
acima citados, geralmente possam ser aliviados com mudanças de hábitos e
cuidados adequados, estudos relacionam o uso abusivo das telas ao
desenvolvimento de miopias e à deterioração da saúde mental, com maior
incidência de quadros depressivos e de ansiedade, realçando a importância de
repensar os hábitos digitais.
Após longos períodos de
exposição à luz emitida pelas telas, muitas pessoas relatam um aumento na
sensibilidade à luz, o que pode tornar difícil a exposição à luz intensa, seja
natural ou artificial. Esta luz dos dispositivos também pode interferir no ciclo
natural do sono, especialmente à noite antes de dormir, pois pode prejudicar a
produção de melatonina, o hormônio responsável pela regulação e qualidade do
sono. A constante alternância entre
diferentes tarefas digitais pode sobrecarregar o cérebro, comprometendo o
desempenho cognitivo em longo prazo. Há também evidências de que a exposição
crônica a essa luz azul pode aumentar o risco de desenvolvimento de degeneração
macular, doença ocular que afeta a mácula, área central e vital da retina.
É importante realizar consultas e exames oftalmológicos periódicos para garantir que sua visão se encontra saudável ou, diagnosticar e corrigir a tempo, algo que possa estar ocorrendo.
Dr. Franklin Amaral Nogueira
CRM-PR 38501 | RQE
30811
Oftalmologista - Especialização
em oftalmologia pelo Hospital de Olhos do Paraná;
Título de
oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de
Oftalmologia.